sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Palavra de Vida de Fevereiro de 2008

«Aquele que praticar [estes preceitos] e ensinar [aos homens], esse será grande no Reino do Céu» (Mt 5, 19).

Rodeado pela multidão, Jesus subiu à montanha e proclamou o seu célebre sermão. As primeiras palavras – «Felizes os pobres em espírito, (...). Felizes os mansos…» – indicam imediatamente a novidade da mensagem que Ele veio trazer.
São palavras de vida, de luz, de esperança, com que Jesus ilumina os Seus discípulos, para que as suas vidas adquiram sabor e significado.
Transformados por esta grande mensagem, eles são convidados a levar a outros os ensinamentos que receberam, traduzidos em vida.

«Aquele que praticar [estes preceitos] e ensinar [aos homens], esse será grande no Reino do Céu».

Hoje, mais do que nunca, a nossa sociedade precisa de conhecer as palavras do Evangelho e de se deixar transformar por elas. Jesus deve poder repetir ainda: «Não vos irriteis com os vossos irmãos; perdoai e sereis perdoados; dizei sempre a verdade, e assim não tereis necessidade de jurar; amai os vossos inimigos; reconhecei que tendes um só Pai e que sois todos irmãos e irmãs; tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles». É este o sentido de algumas das muitas palavras do "Sermão da Montanha". Se fossem vividas, seriam suficientes para transformar o mundo.
Jesus convida-nos a anunciar o Seu Evangelho. Mas pede-nos para, antes de "ensinarmos" as Suas palavras, as "vivermos". Se queremos que os outros acreditem em nós, temos que nos tornar "especialistas" do Evangelho, ser um "Evangelho vivo". Só então o poderemos testemunhar com a vida e ensiná-lo com palavras.

«Aquele que praticar [estes preceitos] e ensinar [aos homens], esse será grande no Reino do Céu».

Qual o modo melhor para viver esta Palavra? Fazer com que seja o próprio Jesus a ensinar-nos. Para isso, é preciso atrair a Sua presença em nós e entre nós, com o nosso amor recíproco. Será Ele a sugerir-nos as palavras a dizer, quando falamos com as pessoas, a indicar-nos os caminhos, a abrir-nos a passagem para entrar no coração dos irmãos, para O testemunhar onde quer que nos encontremos, mesmo nos ambientes mais difíceis e nas situações mais complicadas. Vamos ver, então, o mundo – aquela pequena parte de mundo onde vivemos – transformar-se, converter-se à concórdia, à compreensão, à paz.

O importante é manter viva entre nós a Sua presença com o nosso amor recíproco. Ser dóceis em ouvir e seguir a Sua voz: a voz da consciência que nos fala constantemente se soubermos fazer calar as outras vozes.
Será Ele que nos vai ensinar a "pôr em prática", com alegria e criatividade, até os "mínimos" preceitos, de modo a esculpir com perfeição a nossa vida de unidade. Que se possa dizer de nós aquilo que se dizia, naquela época, dos primeiros cristãos: «Olha como eles se amam (...) e como estão preparados a morrer uns pelos outros» (1). Pelo modo como os nossos relacionamentos forem renovados pelo amor, os outros poderão verificar que o Evangelho pode realmente gerar uma sociedade nova.
Não podemos guardar para nós o tesouro que recebemos: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (2), é o que devemos repetir com S. Paulo. Se nos deixarmos guiar pela voz interior, poderemos sempre descobrir novas possibilidades de comunicar: falando, escrevendo, dialogando. Que o Evangelho torne a brilhar, através das nossas pessoas, nas nossas casas, nas nossas cidades, nos nossos países. Florescerá uma vida nova também em nós; a alegria crescerá nos nossos corações. Daremos um testemunho maior do Ressuscitado… e, então, Ele considerar-nos-á "grandes no Seu Reino".
Uma excelente demonstração disto é a vida da Ginetta Calliari. Ao chegar ao Brasil, em 1959, com o primeiro grupo dos Focolares, sofreu um grande choque ao deparar-se, bruscamente, com as graves desigualdades daquele país. Decidiu dedicar-se ao amor recíproco, vivendo com radicalidade as Palavras de Jesus. Dizia ela, com convicção: «Será Ele a abrir-nos o caminho
». Com o passar do tempo, juntamente com ela, desenvolveu-se e consolidou-se uma comunidade que, actualmente, é constituída por centenas de milhares de pessoas de todas as categorias e idades: moradores das favelas e pessoas pertencentes às classes abastadas, que se põem ao serviço dos mais pobres. Assim, foi possível concretizar obras sociais que mudaram o rosto das favelas em diversas cidades. Um pequeno "povo" unido, que continua a mostrar que o Evangelho é verdadeiro. Foi este o dote que a Ginetta levou consigo quando partiu para o Céu.

Chiara Lubich

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1) Tertuliano, Apologético, 39, 7 (Liv. Alcalá, Lisboa 2002, p. 463); 2) cf. 1 Cor 9, 16.

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