domingo, 1 de junho de 2008

5 Noites de Formação Cristã

Existiria melhor maneira de nos preparamos para uma festa cristã do que 5 noites de formação cristã? Penso que não. Os temas propostos para reflexão pelo Padre Ricardo foram geniais. Porque?
Porque tocaram a vida de todos nós, porque nos apresentam situações concretas que todos experimentamos…porque, acima de tudo, são lições sábias para viver.

Quem nunca passou por momentos difíceis na vida?
Jesus Cristo deu-nos a possibilidade, com a graça necessária (pois não o faríamos sem Ele!), de podermos conquistar a atitude de viver o sofrimento com sentido. Quando Jesus grita de dor na agonia e na cruz, não oferece nenhuma explicação nem toma nenhuma atitude de herói de aguentar. Está numa atitude de luta, de ultrapassar o sofrimento injusto que lhe é imposto, mas que nos inicia num caminho de transformação, num caminho de morte e ressurreição.
Todos sofremos: uns revoltados ou desesperados, outros, confiantes, crescem.
A questão não é sofrer ou não sofrer, mas como se sofre. E como se está com quem sofre.
Por isso, não são bem-aventurados os que sofrem, automaticamente. São bem-aventurados os que sofrem por uma causa que valha a pena! Bem-aventurados os que sofrem, no sentido de bem-aventurados aqueles que se arriscam a entrar no mistério do amor de Deus e que percebem que a sua maneira de enfrentar o sofrimento deverá ser como Jesus.
Ele é solidário connosco, sofre connosco, mas também nos liberta. Não nos deixam instalar neste mundo nem cair na tentação de querer fazer o céu aqui.
E que bom que temos os outros para nos ajudar a viver esta experiência de Amor.
Somos Pedras no Rio Selvagem que vão chocando umas com as outras pela força da água e que se vão moldando, limando as arestas. 
Temos o dever enquanto cristãos de ser pacientes uns para com os outros.

E quem nunca se questionou sobre esse ser que é o Diabo? 
O Diabo, pelo menos, tal como as pessoas o imaginam, não existe. “Diabo”, “demónio”, “satanás” significam a possibilidade real de todos os seres livres desfocarem o Deus de Jesus Cristo, e inventarem uma outra felicidade como deus deles.
A ideia Satanás será, então, apenas um meio de o homem escapar à sua culpabilidade. Realmente nós somos mesmo bons a inventar desculpas…
Temos de assumir as nossas responsabilidades, não empurrá-las para outro(s) e renunciar a Satanás, isso é, à felicidade inventada por nós, para poder acolher a felicidade de Jesus Cristo.
E por fim, a nossa Igreja cheia de Sabedoria, onde partilhamos, no nosso grupo, a mesma direcção, ganhando sentido de comunidade que pode chegar mais rápido e mais facilmente ao destino, porque quando nos ajudamos uns aos outros os resultados são melhores.
Compartilhar a liderança, respeitar-nos mutuamente durante todo o percurso; dividir os problemas e os trabalhos mais difíceis; reunir habilidades e capacidades; combinar dons, talentos e recursos. 
Estar unidos, uns ao lado dos outros, apesar das diferenças. Nos momentos difíceis, nas horas de árduo trabalho, e também nos tempos de lazer e repouso.   
Se nos mantivermos uns ao lado dos outros, apoiando-nos mutuamente, se tornarmos realidade o espírito de equipas, se apesar das divergências, pudermos formar um grupo unido para enfrentar todo o tipo de situações, se entendermos o verdadeiro valor da amizade, se tivermos consciência do sentimento de partilha, a vida será mais simples.   Que bom que era se todos vivêssemos assim!

Vera

Palavra de Vida de Junho de 2008

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele». (1 Jo 3, 24)

Quando gostamos muito de alguém, o nosso maior desejo é estar sempre com essa pessoa amada. Este é também o desejo de Deus, que é Amor. Ele criou-nos para que O pudéssemos encontrar. E a nossa alegria nunca será completa enquanto não chegarmos a uma união íntima com Ele, que é o único que pode saciar o nosso coração. Ele desceu do Céu para estar connosco e para nos introduzir na comunhão com Ele.

São João, na sua Carta, fala de "permanecer" um no outro: Deus em nós e nós n'Ele. Recorda esta exigência profunda, que Jesus manifestou na Última Ceia. «Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós», tinha dito o Mestre, explicando, com a alegoria da videira e dos ramos, como é forte e vital o vínculo que nos une a Ele (1).

Mas como alcançar a união com Deus?

São João não tem hesitações: basta "guardar os Seus mandamentos":

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».


Mas, serão muitos os mandamentos que é preciso "guardar" para chegar a esta unidade?

Não, a partir do momento em que Jesus os resumiu a todos num único mandamento. «Este é o Seu mandamento – recorda São João, imediatamente antes de enunciar a nossa Palavra de Vida, aquela que escolhemos para este mês –: que acreditemos no Nome de Seu Filho, Jesus Cristo, e que nos amemos uns aos outros, conforme o mandamento que Ele nos deu» (2).

Acreditar em Jesus e amarmo-nos como Ele nos amou: é este o único mandamento.

Se a existência humana só encontra a sua realização se Deus permanecer entre nós, então só há um modo para sermos plenamente nós mesmos: amar! São João está de tal modo convencido disso que o repete muitas vezes ao longo de toda a Carta: «Quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele» (3); «Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós…» (4).

Conta a tradição, a este respeito, que quando São João, já velhinho, era interrogado sobre os ensinamentos do Senhor, repetia sempre as palavras do Mandamento Novo. Se lhe perguntavam porque é que não falava de outra coisa, respondia: «Porque é esse o mandamento do Senhor! Se o praticarmos, já não precisamos de mais nada».

Assim acontece com cada Palavra de Vida: leva-nos infalivelmente a amar. Não pode ser de outro modo, porque Deus é Amor e cada Palavra Sua contém o Amor, exprime-o. E, se for vivida, transforma tudo em Amor.

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».


A Palavra deste mês convida-nos a acreditar em Jesus, a aderir com todo o nosso ser à Sua Pessoa e ao Seu ensinamento. A acreditar que Ele é o amor de Deus – como nos ensina ainda São João nesta Carta – e que, por amor, deu a vida por nós (5). A acreditar até quando nos parecer que Ele está longe, quando não O sentirmos, quando surgirem dificuldades ou sofrimentos...

Fortalecidos com esta fé, saberemos viver segundo o Seu exemplo e, obedecendo ao Seu mandamento, saberemos amarmo-nos como Ele nos amou. Amar até quando o outro já não nos parece amável, ou quando temos a impressão de que o nosso amor é inadequado, inútil, não correspondido. Fazendo assim reavivaremos os relacionamentos entre nós, de um modo cada vez mais sincero, cada vez mais profundo, e a nossa unidade atrairá a permanência de Deus entre nós.

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».

«Estávamos enamorados, o meu marido e eu, e era muito fácil o relacionamento entre nós nos primeiros anos de casamento. Mas, neste último período, ele anda muito cansado e stressado. No Japão, o trabalho pesa mais do que um rochedo, sobre as costas de uma pessoa.

Uma noite, depois de voltar do trabalho, ele sentou-se à mesa para jantar. Fiz menção de me sentar ao lado dele, mas, aos gritos, ele mandou-me embora: "Não tens o direito de comer, porque não trabalhas!". Passei a noite a chorar, pensando em ir-me embora de casa, em me separar. No dia seguinte mil e um pensamentos continuavam a atormentar--me: "Errei em ter casado com ele, já não consigo viver com ele".

À tarde falei disto às amigas com quem partilho a minha vida cristã. Ouviram-me com amor e, através da comunhão com elas, reencontrei a força e a coragem necessárias para continuar em frente. Consegui ir preparar o jantar para o meu marido. À medida que se aproximava a hora do seu regresso, aumentava o meu receio: como é que ele vai reagir hoje? Mas uma voz, dentro de mim, parecia dizer-me: "Aceita este sofrimento, não desistas. Continua a amar". E eis que ele bateu à porta. Trouxe um bolo para mim. "Desculpa-me – disse-me – por aquilo que aconteceu ontem"».

Chiara Lubich



1) Cf. Jo 15, 1-5; 2) 1 Jo 3, 23; 3) ibid. 4, 16; 4) ibid. 4, 12; 5) cf. ibid. 3, 16.