quinta-feira, 27 de novembro de 2008

6º Dia: O Cântico do amor

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor, sou como um bronze que soa
ou um címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me aproveita.
O amor é paciente,
o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
o dom das línguas terminará
e a ciência vai ser inútil.
Pois o nosso conhecimento é imperfeito
e também imperfeita é a nossa profecia.
Mas, quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Mas, quando me tornei homem,
deixei o que era próprio de criança.
Agora, vemos como num
espelho,
de maneira confusa;
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de modo imperfeito;
depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor;
mas a maior de todas é o amor.


(1 Cor 13, 1-13)


Consciência
Quando fazes algum gesto bonito para alguém, sentes que estás a amar verdadeiramente?

Pratica
Amar é algo concreto... Para alem dos adjectivos no texto que nos dizem o que é o Amor, quantos mais utilizarias para descrever o Amor?

Maturidade
Por vezes é complicado perceber o que Deus nos quer dizer em algumas leituras. Já te aconteceu perceberes só mais tarde o que Ele queria dizer-te?

Oração/Reflexão

Eu por ti,
acertaria o meu passo ao teu caminhar.
Eu por ti,
o teu problema arcaria sobre mim
e abraçaria o horizonte
que trazes dentro do teu olhar.

Eu por ti,
Buscar-te-ia no mar da tua solidão.
Eu por ti,
te encontraria no grito dos teus porquês,
não pensando às minhas decisões
e aos meus critérios se falas tu...

Eu por ti, palpitaria pelos teus desejos.
Eu por ti, daria voz às tuas mil razões.
Eu por ti, eu por ti,
perder-me-ia no teu pranto,
cantaria o teu próprio canto,
que esta força em mim,
deixaria a ti primeiro
colher a flor do meu jardim.


Eu por ti,
faria ecoar no meu peito a voz da tua dor.
Eu por ti,
suportaria a tua fragilidade
e ancorar-te-ia à minha mão
se fosses arrastado na maré...

Eu por ti,
faria minha a angústia que vive em ti.
Eu por ti,
entregaria os meus trunfos à tua mão;
e por ti sentiria a saudade
pelo fragor da terra que deixaste...

Eu por ti, palpitaria pelos teus desejos.
Eu por ti, daria voz às tuas mil razões.
Eu por ti, eu por ti,
seria o eco do teu canto,
na apatia e na alegria,
que esta força em mim,
deixaria a ti primeiro
colher a flor do meu jardim.

Desafio

Jesus revela-se muitas vezes através dos outros. Que cada gesto que faças hoje seja oferecido a Ele. Que cada coisa fácil ou difícil seja feita por Amor. Que em cada gesto digas: "Por Ti Jesus! Faço isto por Ti"!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

5º Dia: Como Paulo compara o nosso corpo com a vida da comunidade

Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito.
O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Se o pé dissesse: «Uma vez que não sou mão, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. E se o ouvido dissesse: «Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto?
Deus, porém, dispôs os membros no corpo, cada um conforme lhe pareceu melhor. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo.
Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» Pelo contrário, quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo, tanto mais são necessários, e aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra, e aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com mais decoro; os que são decentes, não têm necessidade disso.
Mas Deus dispôs o corpo, de modo a dar maior honra ao que dela carecia, para não haver divisão no corpo e os membros terem a mesma solicitude uns para com os outros. Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.
Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro. E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons.
Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros.



(1 Cor 12, 12-31)

1. Tu és importante no Grupo de jovens. O que aconteceria se já não quisesses fazer parte deste "Corpo"?
2. Na tua equipa do Grupo (Pés, Mãos, Cabeça, Coração, Fontes de Fé, Coro), qual achas que é a tua função?
3. Na nossa Família também somos muito importantes. De que forma te fazes presente na tua Família?

Desafio

Já falaste com alguém do Grupo hoje? Que tal ligares a alguém que já não falas há muito tempo para porem a conversa em dia?

Oração

Faz um pequeno exame de consciência sobre as tuas atitudes.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

4º Dia: Livres no amor

"Irmãos, de facto, foi para a liberdade que vós fostes chamados. Só que não deveis deixar que essa liberdade se torne numa ocasião para os vossos apetites carnais. Pelo contrário: pelo amor, fazei-vos servos uns dos outros. É que toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo.
Mas, se vos mordeis e devorais uns aos outros, cuidado, não sejais consumidos uns pelos outros. Mas eu digo-vos: caminhai no Espírito, e não realizareis os apetites carnais. Porque a carne deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito, o que é contrário à carne; são, de facto, realidades que estão em conflito uma com a outra, de tal modo que aquilo que quereis, não o fazeis."

(Gal 5,13-17)

“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” uma frase de oito palavras mas tão intensa e tão difícil cumprir. Pensa em coisas do teu dia que te pese na consciência. Imagina agora estes teus actos mas agora aplicados contra ti. É tão fácil perceber este mandamento, mas tão difícil cumpri-lo.

1. As vezes na vida, nas nossas relações inter-pessoais parece que nos “mordemos e devoramo-nos” uns aos outros por ciúme ou egoísmo. Por uma melhor nota na escola, uma promoção no emprego…deixar para trás o outro e esquece-lo, para total proveito nosso. Pensa em momentos da tua vida em que já viveste ou presenciaste uma situação destas.

Desafio

Deus fez-nos livres. É neste liberdade que Deus nos pede uma escolha. Segui-lo ou viver sem a sua presença? Amanhã ao longo do teu dia, saboreia os momentos de liberdade que Deus te dá e em que sentes a sua presença confirmando que segui-lo vale mesmo a pena.

Oração

Jesus, alegria dos nossos corações, o teu Evangelho assegura-nos que o Reino de Deus está no meio de nós. Abrem-se então em nós as portas da simplicidade e da inocência.

Pai Nosso

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

3º Dia: Como foi o regresso da primeira viagem

"Depois de terem anunciado a Boa-Nova àquela cidade e de terem feito numerosos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, Icónio e Antioquia. Fortaleciam a alma dos discípulos, encorajavam-nos a manterem-se firmes na fé, porque, diziam eles: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus.» Depois de lhes terem constituído anciãos em cada igreja, pela imposição das mãos, e de terem feito orações acompanhadas de jejum, recomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. A seguir, atravessaram a Pisídia, chegaram à Panfília e, depois de anunciarem a palavra em Perga, desceram a Atália. De lá, foram de barco para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para o trabalho que agora acabavam de realizar. Assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé. E demoraram-se bastante tempo com os discípulos."

(Actos 14, 21-28)

Evangelização
Paulo e Barnabé visitaram muitos sítios e fizeram muitas coisas... Quais os verbos do texto que nos transmitem o que eles fizeram?

Palavra
Através da Fé, Paulo deu a conhecer Jesus a muitas comunidades. Qual era a reacção delas?

Partilha
Paulo e Barnabé não guardavam para eles o que fizeram. A partilha é um dom que os cristãos devem partilhar. Costumas partilhar as experiências de evangelização que
fazes?

Grupo
Quais as semelhanças que encontras entre o que Paulo fez nesta viagem e o teu percurso no grupo de jovens?

Oração

Pai Nosso

Desafio

Durante o dia procura alguém (amigo, vizinho, familiar) e tenta falar-lhe de Deus e como Ele é importante para ti na tua vida.

domingo, 23 de novembro de 2008

2º Dia: Como Paulo iniciou a primeira viagem missionária

"Entretanto, os que se tinham dispersado, devido à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas não anunciavam a palavra senão aos judeus. Houve, porém, alguns deles, homens de
Chipre e Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor.A notícia chegou aos ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia. Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme; ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor.

Então, Barnabé foi a Tarso procurar Saulo. Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos».

Nesses dias, uns profetas desceram de Jerusalém a Antioquia. Um deles, chamado Agabo, ergueu-se e, sob a inspiração do Espírito, predisse que haveria uma grande fome por toda a terra. Foi a que sobreveio no reinado de Cláudio. Os discípulos, cada qual segundo as suas posses, resolveram então enviar socorros aos irmãos da Judeia, o que fizeram, mandando-os aos anciãos, por intermédio de Barnabé e de Saulo.
Estando eles a celebrar o culto em honra do Senhor e a jejuar, disse-lhes o Espírito Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que Eu os chamei.»Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir."


(Actos 11, 19-30; 13, 2-3)

Paulo aconselhou "todos a continuarem com todo o coração". Como é a tua Entrega a Deus?

1. O que achas que é Ser Cristão?

2. A partilha de bens era algo comum nos Cristãos dos primeiros tempos. E tu, partilhas o teu tempo?

3. Ser Missionário é uma característica dos Cristãos. Costumas falar de Deus no trabalho/escola?

Desafio
Abre a bíblia ao acaso. Escolhe uma frase com os olhos fechados e tenta aplica-la ao máximo no teu dia!

Oração
Como seria que Paulo orava? Imagina algumas preces para pedires ajuda na tua Missão.

sábado, 22 de novembro de 2008

1º Dia: Como Paulo descobriu Jesus

"Saulo, entretanto, respirando sempre ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, foi ter com o Sumo Sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, se encontrasse homens e mulheres que fossem desta Via, os trouxesse algemados para Jerusalém.

Estava a caminho e já próximo de Damasco, quando se viu subitamente envolvido por uma intensa luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: «Saulo, Saulo, porque me persegues?» Ele perguntou: «Quem és Tu, Senhor?» Respondeu: «Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Ergue-te, entra na cidade e dir-te-ão o que tens a fazer.»

Os seus companheiros de viagem tinham-se detido, emudecidos, ouvindo a voz, mas sem verem ninguém. Saulo ergueu-se do chão, mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Foi necessário levá-lo pela mão e, assim, entrou em Damasco, onde passou três dias sem ver, sem comer nem beber.

Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor disse-lhe numa visão: Ananias!» Respondeu: «Aqui estou, Senhor.» O Senhor prosseguiu: «Levanta-te, vai à casa de Judas, na rua Direita, e pergunta por um homem chamado Saulo de Tarso, que está a orar neste momento.» Saulo, entretanto, viu numa visão um homem, de nome Ananias, entrar e impor-lhe as mãos para recobrar a vista. Ananias respondeu: «Senhor, tenho ouvido muita gente falar desse homem e a contar todo o mal que ele tem feito aos teus santos, em Jerusalém. E agora está aqui com plenos poderes dos sumos sacerdotes, para prender todos quantos invocam o teu nome.» Mas o Senhor disse-lhe: «Vai, pois esse homem é instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo meu nome.» Então, Ananias partiu, entrou na dita casa, impôs as mãos sobre ele e disse: «Saulo, meu irmão, foi o Senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho em que vinhas, para recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo.» Nesse instante, caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recuperou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo.

Depois de se ter alimentado, voltaram-lhe as forças e passou alguns dias com os discípulos, em Damasco. Começou, então, imediatamente, a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus."

(Actos 9, 1 - 20)

Antes da sua conversão, Paulo perseguia os cristãos. Por vezes no nosso dia-a dia vamos de encontro ao mandamento do amor que Jesus nos ensinou e agimos como Paulo, a destruir o projecto que Deus arquitectou para o nosso mundo. Pensa agora no teu dia. Nas alturas que destruíste e não construíste, nas alturas que destruístes em vez de plantares, nos momentos de paz que transformastes em momentos de guerra…

1. Já aconteceu, alguma vez na tua vida, sentir que uma luz nova te ajudou a ver a vida de outro modo?

2. Já tocou, dentro do teu coração, uma Palavra de Jesus que te deu uma paz, uma alegria nova?

Desafio

Faz o teu dia de amanhã um dia melhor. Tenta construir mais um pedacinho do projecto que Deus. Um gesto, uma palavra qualquer coisa que seja mais um tijolo na construção do seu reino.

Oração

Senhor, tu que fizeste Paulo ver a tua Luz, escutar a tua Palavra, toca o nosso coração, que ele também A escute, para vermos a tua Luz e possamos dar ao mundo de hoje, a Luz do Evangelho e a Verdade do Senhor Jesus. Pai- Nosso

sábado, 1 de novembro de 2008

Palavra de Vida de Novembro de 2008

«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me» [Lc 9, 23]. (1)

Não pensemos que, por estarmos neste mundo, podemos viver ao seu sabor como um peixe na água. Não pensemos que, pelo facto de o mundo nos entrar em casa através de certos programas de rádio ou da televisão, nos seja permitido ouvir todos os programas e ver todas as transmissões que fazem. Não pensemos que, por andarmos pelas estradas do mundo, podemos olhar impunemente para todos os cartazes e comprar no quiosque ou na livraria, indiscriminadamente, qualquer tipo de publicação. Não pensemos que, por estarmos no meio do mundo, podemos imitar e assumir os modos de viver do mundo: experiências fáceis, imoralidade, aborto, divórcio, ódio, violência, roubo.

Não, não. Nós estamos no mundo. E isso é evidente.

Mas não somos do mundo (2).

E isso implica uma grande diferença. Classifica-nos entre aqueles que não se alimentam das coisas mundanas e superficiais, mas das que nos são expressas, dentro de nós, pela voz de Deus que está no coração de cada pessoa. Se a escutarmos, faz-nos penetrar num reino que não é deste mundo. Um reino onde se vive o amor verdadeiro, a justiça, a pureza, a mansidão, a pobreza. Onde vigora o domínio de si mesmo.

Porque é que muitos jovens fogem para o Oriente, para a Índia, por exemplo? É porque tentam encontrar ali um pouco de silêncio e aprender o segredo de algumas figuras importantes, grandes na espiritualidade, que, pela profunda mortificação do seu “eu” inferior, deixam transparecer um amor (…) que impressiona todos os que deles se aproximam. É a reacção natural à confusão do mundo, ao barulho que reina fora e dentro de nós, que já não dá espaço para o silêncio, para se ouvir Deus.

Coitados de nós! Mas será mesmo preciso ir à Índia, quando há dois mil anos Cristo nos disse: «nega-te a ti mesmo… nega-te a ti mesmo…»?

A vida cómoda e tranquila não é para o cristão. Se quisermos seguir Cristo, ele não pediu nem nos pede menos do que isto.

O mundo invade-nos como um rio na época das cheias, e nós temos que ir contra a corrente. O mundo para o cristão é um matagal cerrado, e é preciso ver onde se põem os pés. E onde é que devemos pôr os nossos pés? Sobre aquelas pegadas que o próprio Cristo, ao passar nesta Terra, nos deixou assinaladas: são as Suas Palavras. Hoje, Ele diz-nos de novo:

«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo…».

Por causa disso, talvez se venha a ser alvo de desprezo, de incompreensão, de zombarias, de calúnias. Podemos ter que nos isolar, que aceitar a desconsideração, que abandonar um cristianismo de fachadas.

Mas Jesus continua:

«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me».

Quer queiramos, quer não, o sofrimento amargura a nossa existência. Também a tua. E, todos os dias, chegam-nos pequenos ou grandes sofrimentos. Gostarias de te livrar deles? Revoltas-te? Dão-te vontade de te lamentares? Então, não és cristão.

O cristão ama a cruz, ama o sofrimento, mesmo entre lágrimas, porque sabe que tem valor. Não foi em vão que, entre os muitos meios de que Deus dispunha para salvar a humanidade, escolheu o sofrimento. Mas Ele – lembra-te –, depois de ter levado a cruz e de ser nela crucificado, ressuscitou.

A ressurreição é também o nosso destino (3). Se aceitarmos com amor – em vez de o desprezarmos – o sofrimento que nos vem da nossa coerência cristã e todos os outros que a vida nos traz, havemos de experimentar, então, que a cruz é o caminho, já nesta Terra, para uma alegria nunca antes experimentada. A vida da nossa alma começará a crescer. O reino de Deus em nós adquirirá consistência. E lá fora, pouco a pouco, o mundo vai desaparecendo aos nossos olhos e parecer-nos-á de cartão. E já não vamos ter inveja de ninguém.

Nessa altura já nos podemos considerar discípulos de Cristo:

«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me».

E, como Cristo a quem seguimos, seremos luz e amor para as chagas sem número que dilaceram a humanidade de hoje.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Julho de 1978. Publicada em Essere la tua Parola, Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, Roma 1980, pp. 67-69; 2) cf. Jo 17, 14; 3) cf. Jo 6, 40.