domingo, 12 de dezembro de 2010

Missa de Natal na Universidade

Quarta-feira, 15 de Dezembro às 18:45
Centro Universitário Pio XII
Av. Forças Armadas (Metro: Entrecampos)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Palavra de Vida de Dezembro de 2010

«Nada é impossível a Deus» [Lc 1, 37]. (1)

Na Anunciação, Maria pergunta ao Anjo: «Como será isso?» (2), e ele responde: «Nada é impossível a Deus», dando-lhe como prova o exemplo de Isabel, que concebera um filho na sua velhice. Maria acreditou e tornou-se a Mãe do Senhor.

Deus é omnipotente. Esta Sua qualidade é mencionada em diversas situações, na Sagrada Escritura, quando se quer exprimir a força de Deus: ao abençoar, ao julgar, ao dirigir o curso dos acontecimentos, ao realizar os Seus planos.

Existe um único limite à omnipotência de Deus: é a liberdade humana. Esta pode opor-se à vontade de Deus. Mas, opondo-se a Deus, a pessoa enfraquece espiritualmente, quando, pelo contrário, seria chamada a partilhar a própria força de Deus.

«Nada é impossível a Deus».

(...) É uma Palavra que nos convida a ter uma confiança ilimitada no amor de Deus-Pai, porque, se Deus é e se o Seu ser é Amor, a confiança plena Nele não é senão uma consequência lógica.

Todas as graças estão em Seu poder: tanto as físicas como as espirituais, as possíveis e as impossíveis. E Deus concede-as tanto a quem as pede como a quem não pede, pois, como diz o Evangelho, Ele, o Pai que está no Céu, «faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (3). Mas Deus pede-nos para agirmos todos como Ele, com o mesmo amor universal, sustentado pela fé de que:

«Nada é impossível a Deus».

Como viver, então, esta Palavra na vida de todos os dias?

Todos nós temos que enfrentar, de vez em quando, situações difíceis, dolorosas, quer na nossa vida pessoal, quer nos relacionamentos com os outros. E experimentamos, às vezes, toda a nossa fraqueza, porque notamos em nós apegos a coisas e a pessoas que nos tornam escravos, com amarras, de que nos gostaríamos de libertar. Encontramo-nos, muitas vezes, diante de paredes de indiferença e de egoísmo, e sentimo-nos sem coragem perante acontecimentos que não conseguimos compreender.

Pois bem, nesses momentos, a Palavra de Vida pode vir em nosso auxílio. Jesus deixa-nos fazer a experiência da nossa incapacidade, não para nos desencorajar, mas para nos ajudar a compreender melhor que «nada é impossível a Deus». Ele prepara-nos para experimentar a extraordinária força da Sua graça, que se manifesta precisamente quando vemos que, com as nossas pobres forças, não conseguimos resistir.

«Nada é impossível a Deus».

Repetindo dentro de nós esta frase nos momentos mais críticos, alcançaremos da Palavra de Deus a energia que ela contém, fazendo-nos participar, de certa forma, da própria omnipotência de Deus. Mas há uma condição: temos que viver a Sua vontade, procurando irradiar à nossa volta o amor que está depositado nos nossos corações. Assim estaremos em sintonia com o Amor omnipotente de Deus pelas suas criaturas, para Quem tudo é possível, contribuindo para realizar os Seus planos sobre os indivíduos e sobre a humanidade.

Mas há um momento especial em que podemos viver esta Palavra e experimentar toda a sua eficácia: é na oração.

Jesus disse que tudo o que pedirmos, em Seu nome, ao Pai, Ele nos concederá. Procuremos, portanto, pedir-Lhe aquilo que considerarmos mais importante, com a certeza da fé de que nada é impossível a Ele: desde a solução de casos desesperados, até à paz no mundo, a cura de doenças graves, e até a resolução de conflitos familiares e sociais.

Além disso, se formos muitos a pedir a mesma coisa, estando em pleno acordo através do amor recíproco, então será o próprio Jesus no meio de nós a pedir ao Pai e, segundo a Sua promessa, seremos atendidos.

Com esta fé na omnipotência de Deus e no seu Amor, também nós pedimos um dia para N. que aquele tumor, detectado numa radiografia, "desaparecesse", ou que fosse um erro ou um fantasma. E assim aconteceu.

Esta confiança ilimitada, que nos faz sentir nos braços de um Pai a Quem tudo é possível, deve acompanhar-nos em todas as vicissitudes da vida. Não quer dizer que vamos obter sempre aquilo que pedirmos. A Sua é a omnipotência de um Pai: Ele usa-a sempre e unicamente para o bem dos seus filhos, mesmo que eles não saibam. O importante é viver cultivando a certeza de que nada é impossível a Deus, e isto vai fazer-nos experimentar uma paz nunca antes sentida.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Dezembro de 1999, publicada em Città Nuova, 1999/22, p. 7; 2) cf. Lc 1, 34; 3) cf. Mt 5, 45.

domingo, 28 de novembro de 2010

A Vida, Procura e Projecto

Para quem não pode estar presente, aqui ficam os vídeos que passaram na reunião do GJB.



São exemplos de vídeos que exploram a temática "Marketing Católico".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Noites de Oração - Novembro

“Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Palavra de Vida de Novembro de 2010

«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8) (1)

Jesus começa a sua pregação com o Sermão da Montanha. Em frente ao lago de Tiberíades, num monte perto de Cafarnaúm, sentado – como costumavam fazer os mestres –, Jesus anuncia às multidões as bem-aventuranças. No Antigo Testamento usava-se muitas vezes a palavra «bem-aventurado», exaltando a pessoa que cumpria, das mais variadas formas, a Palavra do Senhor.

As bem-aventuranças de Jesus faziam lembrar as bem¬-aventuranças que os discípulos já conheciam. No entanto, era a primeira vez que eles ouviam dizer que os puros de coração eram, não só dignos de subir ao monte do Senhor – como cantava o Salmo – (2), mas podiam até ver Deus. Qual era, então, essa pureza tão sublime que tinha tanto mérito? Jesus haveria de o explicar melhor durante a sua pregação. Procuremos, por isso, segui-Lo para nos abeirarmos da fonte da verdadeira pureza.

«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus».

Antes de mais nada, para Jesus, há um meio supremo de purificação: «Vós já estais purificados pela Palavra que vos tenho anunciado» (3). Não são tanto os exercícios rituais que purificam o espírito, mas a sua Palavra. A Palavra de Jesus é diferente das palavras humanas. Nela está presente Cristo, como também¬ – de outro modo – está presente na Eucaristia. Por meio da Palavra, Cristo entra em nós e, se a deixarmos agir, torna-nos livres do pecado e, portanto, puros de coração.

Por conseguinte, a pureza é fruto da Palavra vivida. É fruto de todas aquelas Palavras de Jesus que nos libertam dos chamados apegos, em que forçosamen¬te caímos se não tivermos o coração fixado em Deus e nos seus ensinamentos. Esses apegos podem ser em relação a coisas, a pessoas, ou a nós mesmos. Mas, se o nosso coração estiver fixado unicamente em Deus, tudo o resto se torna secundário.

Para ter êxito nesta tarefa, pode ser útil repetir a Jesus, a Deus, durante o dia, aquela invocação do Salmo que diz: «És tu, Senhor, o meu único bem!» (4).

Procuremos repetir esta frase muitas vezes e, sobretudo, quando os vários apegos ameaçarem arrastar o nosso coração para imagens, sentimentos e paixões que possam ofuscar a noção do bem e tirar-nos a liberdade.

Somos levados a olhar para certos cartazes publicitários, a assistir a certos programas de televisão? Não. Digamos-Lhe: «És tu, Senhor, o meu único bem». Será este o primeiro passo para sairmos de nós mesmos, e declarar novamente a Deus o nosso amor. É assim que vamos adquirindo a pureza.

Sentimos, por vezes, que uma pessoa ou uma actividade perturbam a nossa relação com Deus e são como um obstáculo entre nós e Deus? É o momento de Lhe repetir: «És tu, Senhor, o meu único bem». Isto ajudar-nos-á a purificar as nossas intenções e a reencontrar a liberdade interior.

«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus».

A Palavra vivida torna-nos livres e puros, porque a Palavra de Deus é amor. É o amor que, com o seu fogo divino, purifica as nossas intenções e todo o nosso espírito. Porque, segundo a Bíblia, o «coração» é a sede mais profunda da inteligência e da vontade.

Mas existe um amor que Jesus nos recomenda e que nos permite viver esta bem-aventurança. É o amor recíproco, de quem está pronto a dar a vida pelos outros, seguindo o exemplo de Jesus. Esse amor cria uma corrente, cria uma reciprocidade, uma atmosfera, cuja nota dominante é precisamente a transparência, a pureza, devido à presença de Deus que é o único que pode criar em nós um coração puro (5). É vivendo o amor recíproco que a Palavra actua com os seus efeitos de purificação e de santificação.

O indivíduo isolado é incapaz de resistir muito tempo às solicitações do mundo. Pelo contrário, no amor recíproco, encontra um ambiente sadio, capaz de proteger a sua pureza e toda a sua existência cristã autêntica.

«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus».

E eis, então, o fruto dessa pureza, sempre reconquistada: podemos «ver» Deus, isto é, compreender a sua acção na nossa vida e na História. Podemos ouvir a sua voz no coração. Podemos descobrir a sua presença: nos pobres, na Eucaristia, na sua Palavra, na comunhão fraterna, na Igreja.

Podemos saborear, antecipadamente, a presença de Deus, que começa já nesta vida, «pois caminhamos pela fé e não pela visão» (6) até ao momento em que O «veremos face a face» (7) por toda a eternidade.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Novembro de 1999, publicada em Città Nuova, 1999/20, p. 7; 2) cf. Sl 24, 4; 3) Jo 15, 3; 4) cf. Sl 16, 2; 5) cf. Sl 50, 12; 6) 2 Cor 5, 7; 7) 1 Cor 13, 12.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Palavra de Vida de Outubro de 2010

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo» [Mt 22, 39]. (1)


Esta frase já existia no Antigo Testamento (2). Mas, para responder a uma pergunta traiçoeira, Jesus integra-se na grande tradição profética e rabínica que procurava o princípio unificador da Torah, isto é, do ensinamento de Deus contido na Bíblia. O Rabi Hillel, um seu contemporâneo, tinha dito: «Não faças ao teu próximo aquilo que é odioso a ti; nisto está toda a lei» (3).


Para os mestres do Judaísmo, o amor ao próximo derivava do amor a Deus, que criou o homem à Sua imagem e semelhança. Por isso, não se pode amar a Deus sem amar a Sua criatura: este é o verdadeiro motivo do amor ao próximo, e é «um grande princípio geral na lei» (4).


Jesus reforça esse mesmo princípio e acrescenta que o mandamento de amar o próximo é semelhante ao primeiro e maior mandamento, que diz para amar a Deus com todo o coração, a mente e a alma. Ao confirmar uma relação de semelhança entre os dois mandamentos, Jesus liga-os definitivamente. E toda a tradição cristã manteve esta ligação, como dirá de forma lapidar o apóstolo João: «Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê» (5).


«Amarás o teu próximo como a ti mesmo».


E “próximo” – como afirma claramente todo o Evangelho – é cada ser humano, homem ou mulher, amigo ou inimigo, a quem se deve respeito, consideração, estima. O amor ao próximo é, ao mesmo tempo, universal e pessoal. Abraça toda a Humanidade e concretiza-se naquele-que-está-junto-de-nós.

Mas quem é que nos pode dar um coração tão grande? Quem é que pode suscitar em nós uma benevolência tal que faça considerar nossas amigas – que nos estão próximas – até pessoas que nos são completamente estranhas. Ou que nos leve a ultrapassar o amor por nós mesmos, para nos vermos reflectidos nos outros? É uma dádiva de Deus, ou melhor, é o próprio amor de Deus, que «foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado» (6).

Por isso, não é um amor qualquer, uma simples amizade, ou apenas filantropia, mas é aquele amor que foi derramado nos nossos corações desde o nosso baptismo. Um amor que é a vida do próprio Deus, da Santíssima Trindade, e de que nós podemos participar. Portanto, o amor é tudo. Mas, para o podermos viver bem, é necessário conhecer as suas qualidades, descritas no Evangelho e nas Escrituras em geral.

Parece-nos poder resumir os seguintes aspectos fundamentais:

Antes de mais nada, Jesus, que morreu por todos, amando todos, ensina-nos que o verdadeiro amor é aquele que é dirigido a todos. Não é como o amor que nós vivemos muitas vezes, simplesmente humano, e que tem um alcance muito restrito: a família, os amigos, os vizinhos… O amor verdadeiro, que Jesus quer, não admite discriminações. Não distingue a pessoa simpática da antipática. Aqui não existe o bonito ou o feio, o grande ou o pequeno. Para este amor não existe aquele que é da minha pátria ou o estrangeiro, o da minha Igreja ou de uma outra, da minha religião ou de uma outra. Este amor ama a todos. E é assim que nós devemos fazer: amar a todos.

Além disso, o amor verdadeiro é o primeiro a amar, não espera por ser amado, como acontece em geral com o amor humano em que só se amam aqueles que nos amam. Não, o amor verdadeiro toma a iniciativa, como fez o Pai quando, sendo nós ainda pecadores – portanto, pessoas que não amavam –, mandou o seu Filho para nos salvar.

Portanto: amar a todos e sermos os primeiros a amar.

E ainda, o amor verdadeiro vê Jesus em cada próximo: «Foi a mim que o fizeste» (7), dir-nos-á Jesus no Juízo Final. E isto é válido tanto para o bem que fizermos como para o mal, infelizmente.

O amor verdadeiro ama o amigo e também o inimigo. Faz-lhe o bem e reza por ele. Jesus quer também que o amor – que Ele trouxe à Terra – se torne recíproco: que nos amemos uns aos outros, até se chegar à unidade. Todas estas qualidades do amor fazem-nos compreender e viver melhor a Palavra de Vida deste mês.

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo».


Sim, o amor verdadeiro ama o outro como a si mesmo. E isto deve ser tomado à letra. É preciso ver no outro, realmente, a nossa imagem, e fazer ao outro aquilo que faríamos a nós mesmos. O amor verdadeiro é aquele que sabe sofrer com quem sofre, alegrar-se com quem se alegra, carregar os pesos dos outros. Que – como diz S. Paulo – sabe fazer-se um com a pessoa amada. É um amor, não apenas de sentimentos, ou de palavras bonitas, mas de factos concretos.

Aqueles que têm uma crença religiosa diferente também procuram fazer assim, através da chamada “regra de ouro” – que se encontra em todas as religiões – e que aconselha a fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós. Gandhi explica-a de um modo muito simples e eficaz: «Não posso fazer-te mal sem me ferir a mim próprio» (8).

Este mês, então, deve ser uma ocasião para pôr de novo em relevo o amor ao próximo que, assim, adquire muitos rostos: o vizinho de casa, a colega da escola, o amigo ou o parente mais chegado. Mas tem também os rostos daquela Humanidade angustiada, que a televisão traz até às nossas casas, de lugares onde há guerra ou catástrofes naturais. Antigamente, eram-nos desconhecidos e distavam de nós milhares de quilómetros. Agora, até eles se tornaram nossos próximos.

O amor sugerir-nos-á, momento a momento, o que fazer, e dilatará pouco a pouco o nosso coração até à medida do coração de Jesus.

Chiara Lubich


1) Palavra de Vida, Outubro de 1999, publicada em Città Nuova, 1999/18, p. 7; 2) Lv 19, 18; 3) Shabb. 31a; 4) Rabi Akiba, Slv 19, 18; 5) 1 Jo 4, 20; 6) Rm 5, 5; 7) cf. Mt 25, 40; 8) cf. Wilhelm Muhs, Parole del cuore, Milão 1996, p. 82.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Palavra de Vida de Setembro de 2010

«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete» [Mt 18, 22]. (1)

É com estas palavras que Jesus responde a Pedro. Ele, depois de ouvir Jesus dizer coisas maravilhosas, perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe devo perdoar? Até sete vezes?». Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete».

Provavelmente, Pedro, sob a influência da pregação do Mestre, tinha pensado – bom e generoso como era – em lançar-se a fazer uma coisa que já lhe parecia excepcional, isto é, chegar a perdoar até sete vezes. (…)

Mas Jesus, ao responder: «… até setenta vezes sete», mostra que, para Ele, o perdão deve ser ilimitado: é preciso perdoar sempre.

«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete».

Esta Palavra faz recordar o canto bíblico de Lamec, um descendente de Adão: «Se Caim foi vingado sete vezes, Lamec sê-lo-á setenta vezes sete» (2). E assim começou a alastrar o ódio no relacionamento entre as pessoas do mundo inteiro, aumentando como as cheias de um rio. A este alastrar do mal, Jesus opõe o perdão sem limites, incondicional, capaz de quebrar o círculo da violência.

O perdão é a única solução para impedir a desordem e garantir à humanidade um futuro que não seja a sua autodestruição.

«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete».

Perdoar. Perdoar sempre. Mas o perdão não é o esquecimento, que, muitas vezes, pode significar não querer olhar de frente a realidade. O perdão não é fraqueza, isto é, menosprezar uma injustiça, por medo do mais forte que a cometeu. O perdão não consiste em declarar sem importância aquilo que é grave, ou chamar bem àquilo que é mal.

O perdão não é indiferença. O perdão é um acto de vontade e de lucidez, e, por isso, de liberdade. Consiste em aceitar o irmão ou a irmã tal como é, apesar do mal que nos fez, do mesmo modo que Deus nos recebe, a nós pecadores, apesar dos nossos defeitos. O perdão consiste em não responder à ofensa com a ofensa, mas em fazer aquilo que diz S. Paulo: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (3).

O perdão consiste em oferecer, a quem nos ofende, a possibilidade de um novo relacionamento connosco. Uma possibilidade, portanto, para ele e para nós, de recomeçar a vida, de ter um futuro em que o mal não prevaleça.

«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete».

Como poderemos, então, viver esta Palavra?

São Pedro tinha perguntado a Jesus: «Quantas vezes devo perdoar (ao meu irmão)?».

E Jesus, ao responder, já estava a pensar, sobretudo, nos relacionamentos entre cristãos, entre membros da mesma comunidade.

Por isso, antes de mais nada, é com os outros irmãos e irmãs na Fé que temos de nos comportar assim: na família, no trabalho, na escola ou na comunidade de que fazemos parte.

Sabemos bem quantas vezes somos levados a retribuir a ofensa recebida com um acto, ou com uma palavra correspondente.

Sabe-se que, devido às diferenças de carácter, ao nervosismo, ou a outras causas, as faltas de amor são frequentes entre pessoas que vivem juntas. Pois bem, é preciso recordar que só uma atitude de perdão, sempre renovado, pode manter a paz e a unidade entre irmãos.

Haverá sempre a tendência de pensar nos defeitos dos outros, de nos recordarmos do seu passado, de pretender que sejam diferentes daquilo que são… É preciso criar o hábito de os ver com olhos novos e vê-los como se fosse pela primeira vez, aceitando-os sempre, imediatamente e de um modo sincero, mesmo que eles não se arrependam.

Vão-me dizer: «Mas isso é difícil». E compreende-se. Mas é aqui que está a beleza do cristianismo. Não é por acaso que somos discípulos de Cristo. Ele, na cruz, pediu ao Pai para perdoar àqueles que Lhe tinham dado a morte, e ressuscitou.

Coragem. Iniciemos uma vida assim, que é a garantia de uma paz nunca antes experimentada e de muita alegria, completamente desconhecida.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Setembro de 1999, publicada integralmente em Città Nuova, 1999/15-16, p. 41; 2) Gn 4, 24; 3) Rm 12, 21.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Palavra de Vida de Abril de 2010

«Eu sou a Ressurreição e a Vida» [Jo 11, 25]. (1)

Jesus pronunciou estas palavras por ocasião da morte de Lázaro, em Betânia. Quatro dias depois de Lázaro ter morrido, Jesus ressuscitou-o.

Lázaro tinha duas irmãs: Marta e Maria.

Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, a Marta saiu ao seu encontro e disse-lhe: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido». Jesus respondeu-lhe: «O teu irmão ressuscitará». A Marta retorquiu: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na Ressurreição, no último dia». E Jesus declarou: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim não morrerá para sempre».

«Eu sou a Ressurreição e a Vida».

Jesus quer fazer compreender quem é Ele para o homem. Jesus possui o bem mais precioso que se pode desejar: a Vida. Aquela Vida que não morre.

Se lermos o Evangelho de São João, descobrimos que Jesus também disse: «Assim como o Pai tem a Vida em Si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a Vida em Si mesmo» (2). E, uma vez que Jesus tem a Vida, pode comunicá-la.

«Eu sou a Ressurreição e a Vida».

Também a Marta acreditava na ressurreição final: «Eu sei que há-de ressuscitar na Ressurreição, no último dia».

Mas Jesus, com a sua afirmação maravilhosa: «Eu sou a Ressurreição e a Vida», faz-lhe compreender que não deve ficar à espera do futuro para ter esperança na ressurreição dos mortos. Desde já, no tempo presente, Ele é, para todos os que acreditam, aquela Vida divina, inefável, eterna, que nunca morrerá.

Se Jesus está neles, se está em nós, não morreremos. Naqueles que acreditam, esta Vida é da mesma natureza de Jesus ressuscitado, e, portanto, bem diferente da condição humana em que se encontram. E esta Vida extraordinária, que já existe também em nós, há-de manifestar-se plenamente no último dia, quando participarmos, com todo o nosso ser, na ressurreição futura.

«Eu sou a Ressurreição e a Vida».

Claro que, com estas palavras, Jesus não nega que existe a morte física. Mas esta não implica a perda da Vida verdadeira. A morte será para nós, como para todos, uma experiência única, fortíssima e talvez temida. Mas já não vai significar a ausência de uma existência, já não será o absurdo, o fracasso da vida, o nosso fim. A morte, para nós, já não será uma verdadeira morte.

«Eu sou a Ressurreição e a Vida».

E quando é que nasce em nós esta Vida que não morre?

No Baptismo. Ali, embora na nossa condição de pessoas que devem morrer, recebemos de Cristo a Vida imortal. De facto, no Baptismo recebemos o Espírito Santo, que foi Quem ressuscitou Jesus.

E a condição para receber este sacramento é a nossa fé, que nós professámos através dos nossos padrinhos. Com efeito, Jesus, no episódio da ressurreição de Lázaro, ao falar com a Marta, disse explicitamente: «Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. (...) Crês nisto?» (3).

«Crer», aqui, é um factor fundamental, muito importante: não implica apenas aceitar as verdades anunciadas por Jesus, mas aderir a elas com todo o ser.

Para termos esta vida, devemos, portanto, dizer o nosso sim a Cristo. Isso significa adesão às suas palavras, aos seus mandamentos: vivê-los. Jesus confirmou-o: «Se alguém observar a Minha palavra, nunca morrerá» (4). E os ensinamentos de Jesus estão todos concentrados no amor.

Por conseguinte, não podemos deixar de ser felizes: temos a Vida em nós!

«Eu sou a Ressurreição e a Vida».

Neste período em que nos preparamos para celebrar a Páscoa, ajudemo-nos uns aos outros a fazer uma mudança de rumo – que é preciso renovar sempre –: ir na direcção da morte do nosso eu, para que Cristo, o Ressuscitado, viva em nós a partir de agora.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Março de 1999, publicada em Città Nuova, 25.2.1999, n.º 4, p. 45; 2) Jo 5, 26; 3) Jo 11, 25-26; 4) Jo 8, 51.







sexta-feira, 19 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Palavra de Vida de Março de 2010

«Em verdade vos digo: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se; e nada vos será impossível» [Mt 17, 20]. (1)

Quantas vezes não sentimos a necessidade de uma ajuda? Mas, ao mesmo tempo, percebemos que a nossa situação não pode ser resolvida só por meios humanos! É então que, sem nos darmos conta, nos dirigimos a Alguém que sabe tornar possíveis até as coisas impossíveis. Esse Alguém tem um nome: é Jesus.

Ele disse:

«Em verdade vos digo: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se; e nada vos será impossível».

É evidente que a expressão “mudar as montanhas” não deve ser tomada à letra. Jesus não prometeu aos discípulos o poder de realizar milagres espectaculares, para impressionar as multidões. De facto, se formos procurar em toda a história da Igreja, não vamos encontrar – que eu saiba – nenhum santo que tenha deslocado montanhas com a fé. “Mudar as montanhas” é uma hipérbole, uma maneira de falar propositadamente exagerada, para inculcar no espírito dos discípulos a ideia de que nada é impossível à fé.

De facto, todos os milagres que Jesus realizou – directamente, ou através dos seus discípulos – fê-los sempre em função do Reino de Deus, do Evangelho, ou da salvação dos homens. Deslocar uma montanha não serviria para este objectivo. A comparação com o “grão de mostarda” indica que Jesus não nos pede uma fé maior ou mais pequena. Pede-nos, sim, uma fé autêntica. E aquilo que caracteriza uma fé autêntica é o facto de nos apoiarmos unicamente em Deus e não nas nossas capacidades pessoais.

Se nos surgir uma dúvida ou uma hesitação na fé, isso significa que a nossa confiança em Deus não é ainda completa: temos uma fé muito fraca e pouco eficaz, que ainda se apoia nas nossas forças e na lógica humana. Pelo contrário, quem confia inteiramente em Deus, deixa que seja Ele mesmo a agir e... a Deus nada é impossível.

A fé que Jesus quer dos discípulos é precisamente aquela atitude cheia de confiança que permite que o próprio Deus manifeste o Seu poder. E esta fé, que consequentemente desloca montanhas, não está reservada só a pessoas excepcionais. É acessível a qualquer crente e é um dever para todos nós.

«Em verdade vos digo: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se; e nada vos será impossível».

Pensa-se que Jesus disse estas palavras, aos seus discípulos, quando estava para os enviar em missão. É fácil perder a coragem e assustar-se quando se tem a consciência de ser um pequeno rebanho mal preparado, sem talentos especiais, perante multidões imensas a quem é preciso levar a verdade do Evangelho. É fácil desanimar diante de pessoas cujos interesses são tudo menos o Reino de Deus.

Parece uma tarefa impossível.

É então que Jesus garante aos seus que, com a fé, “mudarão as montanhas” da indiferença, do desinteresse de todos.

Se tiverem fé, nada lhes será impossível. Esta frase, além disso, pode ser aplicada a todas as outras circunstâncias da vida, desde que se orientem para o progresso do Evangelho e para a salvação das pessoas.

Às vezes, perante dificuldades intransponíveis, pode surgir a tentação de não nos dirigirmos sequer a Deus. A lógica humana sugere: não é preciso, de que é que adianta?...

É para esses casos que Jesus nos exorta a não perdermos a coragem e a dirigirmo-nos a Deus com confiança. De um modo ou de outro Ele vai ajudar-nos.

Foi o que aconteceu com a Lella.

Havia alguns meses que começara, cheia de esperança, o seu novo trabalho na Bélgica, com o povo flamengo. Mas agora sentia-se oprimida por um sentimento de desânimo e de solidão. Parecia que entre ela e as colegas, com quem trabalhava e vivia, se tinha erguido uma barreira intransponível.

Sentia-se isolada, estrangeira, no meio daquela gente, que gostaria de servir simplesmente com amor. E isto porque tinha que falar uma língua que não era a sua nem a de quem a ouvia. Tinham-lhe dito que na Bélgica toda a gente falava francês. E ela foi aprendê-lo. Mas, quando entrou em contacto directo com aquele povo, verificou que os flamengos só estudam francês na escola e, em geral, quando têm que falar em francês, fazem-no de má vontade. Tentara muitas vezes afastar aquela montanha de marginalização que a mantinha afastada das outras, mas em vão. O que poderia fazer por elas? Não lhe saía da memória o rosto da sua companheira Godeliève, cheio de tristeza. Naquela noite tinha-se retirado para o quarto sem tocar na comida.

A Lella tinha tentado segui-la, mas, ao chegar à porta do quarto, detivera-se, tímida e hesitante. Quisera bater... mas que palavras utilizar para se fazer compreender? Ficara ali alguns segundos. Depois, rendera-se uma vez mais.

Na manhã seguinte entrou na igreja e sentou-se lá no fundo, num dos últimos bancos. Escondeu a cara entre as mãos para ninguém ver as suas lágrimas. Ali era o único lugar onde não era preciso falar outra língua, onde nem sequer era necessário explicar-se, porque estava ali Alguém que compreendia para além das palavras. Foi a certeza daquela compreensão que lhe deu coragem. E, com a alma cheia de angústia, perguntou a Jesus: «Porque é que não posso partilhar com as outras a sua cruz e dizer aquelas palavras que Tu mesmo me fizeste compreender quando Te encontrei: que todos os sofrimentos são amor?».

E ficou diante do tabernáculo, quase à espera de uma resposta de Quem lhe tinha iluminado todos os vazios da sua vida.

Olhou depois para o Evangelho daquele dia e leu: «Tende confiança: Eu já venci o mundo!» (2). Aquelas palavras caíram como um bálsamo na alma da Lella, que sentiu uma grande paz.

Quando voltou para casa para o pequeno-almoço encontrou logo a Annj, que era a responsável pela ordem da casa. Cumprimentou-a e foi atrás dela até à dispensa. Depois, em silêncio, começou a ajudá-la a preparar o pequeno-almoço.

A primeira a descer do quarto foi a Godeliève. Vinha buscar o café à cozinha, à pressa, para não ver ninguém. Mas, naquele momento, parou: a paz da Lella impressionou a sua alma mais do que qualquer palavra.

À tarde, quando voltavam para casa, de bicicleta, a Godeliève aproximou-se da Lella e, procurando falar de maneira que ela compreendesse, sussurrou-lhe: «Não precisas de falar. Hoje a tua vida disse-me: “Ama tu também!”».

A montanha tinha-se deslocado.

«Em verdade vos digo: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se; e nada vos será impossível».

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Setembro de 1979, publicada em Essere la Tua Parola/2. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, Roma 1982, pp. 71-74; 2) cf. Jo 16, 33.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Palavra de Vida – Fevereiro de 2010

«Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem» [Jo 10, 9]. (1)

Jesus apresenta-se como aquele que realiza as promessas divinas e as expectativas de um povo, cuja história está profundamente marcada pela aliança, jamais anulada, com o seu Deus.

A ideia da porta faz lembrar e explica-se melhor com outra imagem usada por Jesus: «Eu sou o Caminho, (...) Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim» (2). Portanto, Ele é realmente um caminho e uma porta aberta para o Pai, para o próprio Deus.

«Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem».

O que é que significa, concretamente, esta Palavra na nossa vida? Há muitos conceitos que se podem deduzir a partir de outras passagens do Evangelho, relacionadas com o trecho de São João. Mas escolhemos a imagem da «porta estreita». Precisamos de nos esforçar por passar pela «porta estreita» (3) para entrar na vida.

Porquê esta escolha? Porque nos parece ser aquela que mais nos aproxima da verdade que Jesus diz de Si mesmo e a que melhor nos esclarece sobre o modo de a viver.

Quando é que Jesus se torna a porta totalmente aberta, de par em par, para a Trindade? É precisamente quando a porta do Céu parece fechar-se para Ele. Nesse momento, Ele mesmo torna-se a porta do Céu para todos nós.

Jesus abandonado (4) é a porta através da qual se realiza o intercâmbio perfeito entre Deus e a humanidade: tendo-se feito nada, une os filhos ao Pai. É aquele vazio (o vão da porta) que possibilita o encontro do homem com Deus e de Deus com o homem.

Portanto, Ele é, ao mesmo tempo, a porta estreita e a porta totalmente aberta. E nós podemos experimentar isso em nós.

«Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem».

Jesus no abandono tornou-se, para nós, um acesso ao Pai.

O que dependia d’Ele está feito. Mas, para usufruir dessa graça tão grande, cada um de nós deve também fazer o seu pequeno esforço, que consiste em aproximar-se daquela porta e passar para o outro lado. Como?

Quando formos surpreendidos por uma decepção, ou feridos por um trauma, uma desgraça imprevista ou uma doença absurda, podemos recordar sempre o sofrimento de Jesus, que personificou todas estas provações, e muitas mais.

Sim, Ele está presente em tudo aquilo que tem aspecto de sofrimento. Cada sofrimento nosso é um nome de Jesus.

Tentemos, então, reconhecer Jesus em todas as angústias e dificuldades da vida, em todas as trevas, nas tragédias pessoais e dos outros, no sofrimento da humanidade que nos rodeia. É sempre Ele, porque tomou sobre Si tudo isso. Basta dizer-Lhe, com fé: «És tu, Senhor, o meu único bem» (5). Basta fazer qualquer coisa de concreto para aliviar os “Seus” sofrimentos nos pobres e nos infelizes, para atravessarmos aquela porta, e encontrarmos, do outro lado, uma alegria nunca antes experimentada, uma nova plenitude de vida.

Chiara Lubich

1) Este comentário, publicado por completo, encontra-se em Città Nuova, 25.3.1999, n.º 6, p. 47; 2) cf. Jo 14, 6; 3) cf. Mt 7, 13; 4) cf. Mc 15, 34 e Mt 27, 46; 5) cf. Sl 16 (15), 2.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cafezinho com...

E ESTÁ NOVAMENTE A CHEGAR...
Sábado, dia 30..às 21h na Igreja de Barcarena
CaFéZiNhO Co(m)nosco!! :D