domingo, 1 de junho de 2008

Palavra de Vida de Junho de 2008

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele». (1 Jo 3, 24)

Quando gostamos muito de alguém, o nosso maior desejo é estar sempre com essa pessoa amada. Este é também o desejo de Deus, que é Amor. Ele criou-nos para que O pudéssemos encontrar. E a nossa alegria nunca será completa enquanto não chegarmos a uma união íntima com Ele, que é o único que pode saciar o nosso coração. Ele desceu do Céu para estar connosco e para nos introduzir na comunhão com Ele.

São João, na sua Carta, fala de "permanecer" um no outro: Deus em nós e nós n'Ele. Recorda esta exigência profunda, que Jesus manifestou na Última Ceia. «Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós», tinha dito o Mestre, explicando, com a alegoria da videira e dos ramos, como é forte e vital o vínculo que nos une a Ele (1).

Mas como alcançar a união com Deus?

São João não tem hesitações: basta "guardar os Seus mandamentos":

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».


Mas, serão muitos os mandamentos que é preciso "guardar" para chegar a esta unidade?

Não, a partir do momento em que Jesus os resumiu a todos num único mandamento. «Este é o Seu mandamento – recorda São João, imediatamente antes de enunciar a nossa Palavra de Vida, aquela que escolhemos para este mês –: que acreditemos no Nome de Seu Filho, Jesus Cristo, e que nos amemos uns aos outros, conforme o mandamento que Ele nos deu» (2).

Acreditar em Jesus e amarmo-nos como Ele nos amou: é este o único mandamento.

Se a existência humana só encontra a sua realização se Deus permanecer entre nós, então só há um modo para sermos plenamente nós mesmos: amar! São João está de tal modo convencido disso que o repete muitas vezes ao longo de toda a Carta: «Quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele» (3); «Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós…» (4).

Conta a tradição, a este respeito, que quando São João, já velhinho, era interrogado sobre os ensinamentos do Senhor, repetia sempre as palavras do Mandamento Novo. Se lhe perguntavam porque é que não falava de outra coisa, respondia: «Porque é esse o mandamento do Senhor! Se o praticarmos, já não precisamos de mais nada».

Assim acontece com cada Palavra de Vida: leva-nos infalivelmente a amar. Não pode ser de outro modo, porque Deus é Amor e cada Palavra Sua contém o Amor, exprime-o. E, se for vivida, transforma tudo em Amor.

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».


A Palavra deste mês convida-nos a acreditar em Jesus, a aderir com todo o nosso ser à Sua Pessoa e ao Seu ensinamento. A acreditar que Ele é o amor de Deus – como nos ensina ainda São João nesta Carta – e que, por amor, deu a vida por nós (5). A acreditar até quando nos parecer que Ele está longe, quando não O sentirmos, quando surgirem dificuldades ou sofrimentos...

Fortalecidos com esta fé, saberemos viver segundo o Seu exemplo e, obedecendo ao Seu mandamento, saberemos amarmo-nos como Ele nos amou. Amar até quando o outro já não nos parece amável, ou quando temos a impressão de que o nosso amor é inadequado, inútil, não correspondido. Fazendo assim reavivaremos os relacionamentos entre nós, de um modo cada vez mais sincero, cada vez mais profundo, e a nossa unidade atrairá a permanência de Deus entre nós.

«Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele».

«Estávamos enamorados, o meu marido e eu, e era muito fácil o relacionamento entre nós nos primeiros anos de casamento. Mas, neste último período, ele anda muito cansado e stressado. No Japão, o trabalho pesa mais do que um rochedo, sobre as costas de uma pessoa.

Uma noite, depois de voltar do trabalho, ele sentou-se à mesa para jantar. Fiz menção de me sentar ao lado dele, mas, aos gritos, ele mandou-me embora: "Não tens o direito de comer, porque não trabalhas!". Passei a noite a chorar, pensando em ir-me embora de casa, em me separar. No dia seguinte mil e um pensamentos continuavam a atormentar--me: "Errei em ter casado com ele, já não consigo viver com ele".

À tarde falei disto às amigas com quem partilho a minha vida cristã. Ouviram-me com amor e, através da comunhão com elas, reencontrei a força e a coragem necessárias para continuar em frente. Consegui ir preparar o jantar para o meu marido. À medida que se aproximava a hora do seu regresso, aumentava o meu receio: como é que ele vai reagir hoje? Mas uma voz, dentro de mim, parecia dizer-me: "Aceita este sofrimento, não desistas. Continua a amar". E eis que ele bateu à porta. Trouxe um bolo para mim. "Desculpa-me – disse-me – por aquilo que aconteceu ontem"».

Chiara Lubich



1) Cf. Jo 15, 1-5; 2) 1 Jo 3, 23; 3) ibid. 4, 16; 4) ibid. 4, 12; 5) cf. ibid. 3, 16.

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